Dias de Figueiredo (org.)
"Será que as novas
tecnologias vão ser uma ferramenta, a par de outras, para ensinar e
aprender?"
Sem dúvida! E serão
ferramentas com importância crescente. Mas importa esclarecer aqui um aspecto
em que a minha visão diverge da habitual. A opinião comum é que essas
ferramentas serão usadas principalmente nas escolas. A minha visão é que serão
usadas majoritariamente em casa e em centros de recursos publicamente
disponíveis (centros estes que evoluirão a partir das bibliotecas públicas).
Esta minha opinião baseia-se em três razões principais. Primeiro, as escolas não
têm condições financeiras para manterem um grande parque de equipamento que se
torna obsoleto todos os dois ou três anos, nem para adquirirem um número
significativo de licenças de títulos didácticos, sempre em renovação. Segundo,
o ritmo de evolução das tecnologias torna incomportável em termos financeiros, e
insustentável em termos profissionais, uma formação e reciclagem permanente dos
professores “para as tecnologias”. Terceiro, as empresas produtoras de
suportes e serviços didácticos só conseguem encontrar viabilidade económica
para uma prestação de qualidade se se dirigirem ao mercado alargado do grande
consumo. Já actualmente, o mercado doméstico de equipamentos e produtos de
software é incomparavelmente mais visível do que o mercado das escolas.
Não quero dizer com isto
que as escolas não explorarão as novas tecnologias. Nada disso! O que pretendo
dizer é que o farão de forma muito mais moderada do que seria de esperar, em
torno de centros de recursos - esses sim, bem equipados, com um conjunto
variado de títulos didácticos, e com uma indispensável ligação às redes
electrónicas. Em
contrapartida, duvido em absoluto da viabilidade (e justificação) dos cenários,
ainda muito defendidos, de escolas com um terminal para cada aluno e com redes
internas por todo o lado.
Texto completo em : http://eden.dei.uc.pt/~adf/Forest95.htm